Ainda pior que a convicção do não, a incerteza do talvez, é a desilusão de um “quase”. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou, não amou.


 Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita maneira de viver no outono. Pergunto-me, às vazes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “bons dias”, quase que sussurrados.


Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.


Luís Fernando Veríssimo



Enfim, o “quase” SEMPRE atrapalha a vida da gente, e quase sempre estamos muito preocupados com outras coisas para pensarmos nisso. E então o “quase”, quase toma conta da nossa vida e nos torna quase sempre, quase infelizes ou quase felizes.

Agora, temos que ficar alertas para não acabar quase vivendo.




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